domingo, 31 de agosto de 2008

É difícil que os pés se equilibrem na linha quando a palma de todo o corpo descarrega, como electricidade, a febre do jet lag da última viagem.
Só soube hoje com os meus próprios sentidos: quanto maior a distância , maior o desequilíbrio.
Tudo o que quero agora é provocar a vertigem, deixar a febre imobilizar-me as pernas, para não ter que voltar mais a casa.

domingo, 10 de agosto de 2008

Tirei uns dias para deixar as cores esbaterem-se. Quis deixar que a monotonia fosse mais monótona e, por uns tempos, não me importei que o barulho das gotas de água fosse mais uniforme, o do tique-taque mais repetitivo. Permiti que os horários dos dias fossem mais rigorosos, e que o tempo, meteorológico e cronológico, fosse mais certo - não se atrasasse nem adiantasse.
Fui equilibradamente moderada para não correr, gritar, beber ou rir. Não cometi excessos. Fiquei quieta no meu canto, afoguei em morfina as pontas dos dedos, as pupilas, os extremos dos sentidos.
Mantive a cabeça debaixo de água o tempo todo para poder mergulhar agora no ar, e finalmente exaltar os sentidos até não saber se os tenho a todos plenamente ou se, por momentos, os chego a deixar escapar.